terça-feira, 2 de junho de 2009

Relato de 2 de junho de 2009, às 18:32

Querida! Que cabeça eu tenho! Semana passada esqueci de te dar um aviso importantíssimo: quando morrer, peça que coloquem algumas coisas à sua(prévia) escolha no caixão, e lembre-se: bote também aquele meu velho cubo mágico. Aquela história de que ouro não entra no céu é lorota: tudo o que se põe dentro do caixão vem pro céu sim. Tudo bem que ouro não vale nada nessas terras, mas tu nem imaginas o que o pessoal não faz por unzinho por aqui!
Sexta-feira perguntei pra um cara por que ninguém nunca pensou em plantar o negócio aqui no céu, mas ele me disse que a nuvem não costuma ser um solo muito fértil. Enfim, voltando a falar dos pertences: eu gostaria que tu trouxesses aquele meu cubo mágico quando vieres, já que agora tenho tempo de sobra. Não posso passar a eternidade desonrado por um joguinho de merda daqueles, né? Imagino que tu te lembres os quatro meses de tratamento psiquiátrico que fiz por não conseguir montar os 6 lados, cada um de uma cor.
Mas agora falando de coisas felizes: Estou me adaptando magnificamente bem! Parece que nunca acabarão as novidades e surpresas por aqui! Vir para o céu não é simplesmente como mudar de cidade, porque o próprio povo e ambiente estão sempre em transição. É só ter um pouco de curiosidade e ânimo que tudo se torna divertido. Ontem, por exemplo, me apresentaram um espanhol maluco que morreu no séc. XVII, dentro de um navio. Ainda não contaram para ele que estamos no céu e ele acha que naufragou em uma ilha do outro lado do mundo. São ou não são divertidos esses meus compatriotas?
Um conselho pessoal: vá a outro médium. Esse que estamos usando escreve muito devagar. A minha meia hora quase não rende! Na verdade esses paranormais são uns reacionários: ao invés de datilografarem as coisas em um escritório comum e bem iluminado, preferem escrever com papel e caneta à luz de velas. Ouvi falar até de uns que usam pena, mata borrão e pergaminho! Tudo pra criar um suspense –poupem-me.
O nosso amor e comunicação acabam seriamente prejudicados com isso. Pense bem no que estou dizendo. Meu tempo já está acabando denovo! Te amo, sinto saudades, continue com nosso calendário. Beijos.

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